Governo do estado de SP e inclui Quiropraxistas como grupo prioritário para vacinação
Pronunciamento do Dr. Daniel Facchini, diretor da Associação Brasileira de Quiropraxia, sobre a luta da ABQ na inclusão dos quiropraxistas no grupo prioritário de imunização da COVID-19 no estado de São Paulo.
Escrito pelo Quiropraxista Iury Rocha Corria o ano de 1994. Entre um atendimento e outro na clínica estudantil do Palmer College of Chiropractic, o doutor Garry Krakos, DC procurava conciliar sua dupla função de Diretor de Serviços ao Estudantes e de Diretor do Escritório Internacional. E naquela época, recebeu um convite para integrar uma força-tarefa multidisciplináriapara fazer atendimento humanitário no Haiti. Ele e um estudante que integrou a comitiva voltaram energizados e entusiasmados. Uma sementinha havia sido plantada ali. E foi justamente esta energia e entusiasmo que fez este embrião crescer e se tornar em 1996 o projeto internacional humanitário mais ambicioso da 1ª universidade de Quiropraxia do mundo: o Palmer College ofChiropractic's Clinic Abroad Program (CAP). Funcionava da seguinte forma: estudantes residentes, professores e Quiropraxistas já formados integravam uma missão e viajavam para países carentes de atendimento. As viagens eram eletivas. Ia quem quisesse, quem se qualificasse e quem se sentisse compelido a conhecer um pouquinho mais do mundo. Ao chegarem nesses países, passavam de 6 a 8 dias ajustando num ambiente clínico, constantemente desafiados com casos que não são tipicamente vistos em países tidos como desenvolvidos. Havia em média 7 alunos para cada professor. Isto permite melhor supervisão. “Os grupos aprendem a trabalhar em equipe para ter sucesso”, observou na época o Dr. Krakos. “A experiência rejuvenesce o corpo docente. Coloca-os em contato com a Quiropraxia do ponto de vista humanitário.” Tipicamente um estudante teria a oportunidade de ajustar mais de 100 pacientes neste período. E por precisarem realizar um determinado número de ajustamentos para que pudessem se formar (como em qualquer universidade do mundo), era uma situação em que todos saíam ganhando. "CAP proporciona aos estuda ntes (8º-10º trimestres) uma intensa experiência prática numa terra estrangeira, e uma exposição (sem igual) a outras culturas e (tratamentos) ." Um parêntese : o 8º ao 10º trimestre representam o último ano de estudo no Palmer College — e é justamente neste período do currículo que começa o estágio clínico. Lori Curry-Whitcomb, RN, MS, então coordenadora do Clinic Abroad Program , relatou que, até 2014, mais de 7.700 estudantes e 1.130 docentes e Quiropraxistas fizeram parte do programa e viajaram para "ajudar pessoas que vivem em áreas com atendimento precário (...). 9 a 12 viagens são coordenadas a cada ano (nos meses de fevereiro, junho e outubro) e variam em extensão de 10 a 20 dias. Países como Brasil, Marrocos, Índia, Vietnã, Bequia e outras ilhas caribenhas (...)". Mas as missões não se limitaram somente a esses países, não. O programa cresceu em sofisticação e organização. Com a recomendação do Conselho de Educação em Quiropraxia, o CAP ampliou sua atuação em outras nações, como México, Madagascar, República Dominicana, Haiti, Ilhas Fiji, Honduras, Bolívia, Hungria, Nepal, China e Síria — além de, curiosamente, uma reserva indígena nos Estados Unidos. Guy Riekeman, DC, então Presidente do Palmer College of Chiropractic disse na época que "uma expressão da responsabilidade do 'The Fountainhead' da profissão é levar Quiropraxia ao mundo". Mas não era simplesmente chegar lá e atender. "Nós sempre indicamos pacientes ao Quiropraxista mais próximo," relatou o dr. Krakos, "mas nosso objetivo é regressar a cada local pelo menos 2 vezes por ano para fornecer cuidados de acompanhamento e avaliação de resultados até que possamos estabelecer instalações permanentes." Tinha que também haver planejamento e permissões. "Trabalhamos com associações de Quiropraxia reconhecidas em cada país e coordenamos com os contatos locais para obter a aprovação governamental do Ministério da Saúde ou de outro órgão governamental apropriado”, explicou o Dr. Krakos. “Este é um requisito para todos os locais. (...) Trazemos as nossas próprias mesas e gerimos nós próprios a clínica, e podemos instalá-la numa variedade de ambientes, desde hospitais a centros comunitários e escolas. Geralmente, um local de clínica é configurado para uma estadia inteira. Isso permite que os pacientes tenham a oportunidade de retornar para receber atendimento e serem tratados pelo mesmo profissional. Nosso objetivo é desenvolver instalações permanentes e funcionais em cada país”, informou. Todo este esforço trouxe alguns frutos inesperados. Houve nativos desses países que, inspirados pelo CAP, começaram a estudar Quiropraxia — como o caso de uma jovem fijiana que foi estudar no Palmer. E alguns dos próprios alunos que participaram do programa gostaram tanto que regressaram aos países que visitaram e começaram a clinicar neles. O doutor Ken Brian, DC foi um destes alunos que, curiosamente, depois de formado participou do programa também como Quiropraxista. Gostou tanto do Brasil que abriu uma clínica em Cuiabá-MT e está aqui até hoje. Além de planejamento e permissões, tinha que haver também preparação. Muita preparação. Que começava meses antes do 1º avião decolar. "Nossa orientação antes da partida começa com meses de antecedência e inclui reuniões semanais sobre segurança, história, governo, política, religião e idioma do país, bem como as condições de saúde que os estudantes provavelmente encontrarão", ressaltou Lori Curry. São aulas e mais aulas de sessões educacionais que incluem programas de orientação cultural. "A gente coordena toda a papelada para passaportes, visas e seguro-viagem", completou. Além de tudo isso (e das obrigações acadêmicas), os alunos ainda encontravam tempo para realizar eventos de arrecadação de fundos (levantando uma média de 30 mil dólares por ano!) para fazer doações a orfanatos, escolas e instituições do tipo — e assim possibilitar compra de material didático, merenda escolar, roupas e brinquedos. Numa dessas viagens, com parte do dinheiro arrecadado, chegaram até a comprar bolas infláveis em forma de globo terrestre para dar às crianças e ensinar um pouco de geografia. Aqui no Brasil, geralmente o Clinic Abroad costumava concentrar-se no Rio Grande do Sul, em Manaus, na área metropolitana de Salvador e na Chapada Diamantina. Cada região atendida contava com um Quiropraxista que atuava como coordenador local. Nosso Marcos Palmeira, DC cuidava da Grande Salvador. E o atual Diretor Regional da ABQ do Nordeste, Ian Rocha, DC, do interior da Bahia. "Eu participei como coordenador local do Palmer Clinic Abroad no brasil de 2003 a 2014. Fizemos 14 viagens — alguns anos foram duas viagens, no outono e primavera. (...) Em cada viagem vinham entre 15 a 35 estudantes e staff (e) eram atendidos (...) entre 1000 a 3000 pacientes (...) por 5 ou 6 dias em escolas, postos de saúde, hospitais, ginásio de esportes... etc.. (...) Atendemos nas cidades baianas de Seabra, Iraquara, Palmeiras, Andaraí, Mucugê e no Vale do Capão — todas na região da Chapada Diamantina. Também em Feira de Santana e no seu distrito São José das Itapororocas, e no litoral do sul da Bahia, em Barra Grande e Ilhéus. (...)," relembra. Em Ilhéus-BA, o evento não ocorreu com muita frequência. Mas houve um ressurgimento por conta, em parte, do entusiasmo e carinho que um hoje já falecido dentista americano tinha pelas Terras da Gabriela. O doutor Alan Hathaway foi, no período em que viveu, um profissional realizado. Atendeu por décadas numa tradicional e concorrida clínica na cidade natal da Quiropraxia: Davenport, com 100.000 habitantes. localizada no estado de Iowa, em pleno meio-oeste americano. Nosso dentista era, acima de tudo, um cara que sabia viver. Navegava nos fins de semana pelo rio Mississippi num barquinho de dois andares. Tocava um jazz maneiro com um grupo de amigos. Participava ativa e intensamente da vida política da cidade. E possuía uma extensa coleção de carros antigos — chegando até a cruzou os Estados Unidos de ponta a ponta num calhambeque dos anos 30 na famosa Route 66. Sim, era um autêntico bon vivant . Como se não bastasse todas estas atividades, Hathaway, desde meados da década de 80, ainda encontrava tempo para passar 3 semanas 2 vezes por ano fazendo atendimento gratuito nos dentes das crianças de Medina, uma empobrecida cidadezinha de 21.000 habitantes no sertão do norte de Minas Gerais. A partir da década de 90, decidiu esticar sua viagem passando mais 3 ou 4 dias em Ilhéus, onde aproveitava para atender as crianças da Vila Nazaré, um bairro carente na periferia da cidade. Apaixonou-se perdidamente pela beleza e encantos da Princesinha do Sul. Por isso, exerceu na época toda sua influência política para incluir Ilhéus no Programa Cidades-Irmãs de Davenport. Tratava-se de um intercâmbio comercial, educacional e cultural entre duas cidades com o intuito de facilitar negócios, turismo, e questões acadêmicas. Ilhéus, por possuir uma deslumbrante beleza natural, seria naturalmente beneficiada por esta troca de experiências. O primeiro contato deu-se em 2002, ainda na gestão de Jabes Ribeiro. Ilhéus não era estranha ao Programa Cidades-Irmãs. Na década de 80, houve uma tentativa no primeiro mandato de Jabes de estabelecer relações com Hershey, uma cidade de 12.000 habitantes no estado da Pennsylvania. Conhecida como “o lugar mais doce do mundo” por ser a terra natal do chocolate Hershey, nada mais natural do que ser cidade-irmã de outra que era, na época, grande produtora de cacau. Mas, por algum motivo, este projeto não foi adiante. O Programa Cidades-Irmãs sofreu um hiato durante as eleições de 2004, mas a gestão seguinte mostrou-se surpreendentemente interessada. A ponto de enviar o seu vice-prefeito para visitar Davenport. Desde então, o projeto avançou. Com o tempo, arrefeceu. Mas até nos dias de hoje, podemos ver resquícios desta parceria nos programas de intercâmbio entre a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e a Saint Ambrose University — por sinal, bastante produtivo para ambas. Foi justamente nesta época que o Clinic Abroad retornou a Ilhéus depois de alguns anos. O contato local era eu, obviamente. Fiz entrevistas no rádio, jornal e televisão. E esta era a minha chamada num artigo que publiquei n' O Diário de Ilhéus : "O Mutirão da Coluna é formado por residentes selecionados sob a supervisão de Quiropraxistasque fazem parte do corpo docente da Palmer College of Chiropractic. O evento acontecerá entre os dias 25 e 28 de outubro. Haverá faixas indicando os lugares. A intenção é atender gratuitamente cerca de 700 pessoas, tanto no centro da cidade, quanto nos bairros adjacentes. Pode significar o primeiro passo no tratamento de lombalgias, cervicalgias, cefaleias, hérnias de disco, e todo o tipo de afecção (neuromusculoesquelética) que envolva a coluna vertebral. Divulguem o acontecimento e espalhem a notícia. É para uma boa causa." O evento foi perfeito para promover o Programa Cidades-Irmãs e estimular o intercâmbio cultural e econômico entre Davenport e Ilhéus. Infelizmente, porém, ao longo dos anos, algumas das viagens tiveram percalços. Na de junho de 2008, o COFFITO acionou a Polícia Federal, que levou estudantes e Quiropraxistas para a delegacia, onde tiveram que prestar esclarecimentos. Foram eventualmente liberados. “A polícia afirma que agiu por causa de ligações persistentes naquele dia do presidente e do advogado da CREFITO-10”, informou a Dra. Juliana Piva, então presidente da ABQ. “A polícia chegou com repórteres da mídia organizados pelo COFFITO, e naquela noite houve notícias impressas e na Internet sobre a operação”. Este incidente virou notícia internacional, que foi descrito numa das matérias publicadas no Dynamic Chiropractor como sendo "uma campanha cada vez mais agressiva da fisioterapia brasileira para que o governo federal declare a Quiropraxia uma sua exclusiva especialidade. 'É uma resposta aos recentes litígios contra líderes da fisioterapia promovidos por nós para proteger o status independente da Quiropraxia', disse o Dr. Ricardo Fujikawa, ex-presidente da ABQ e graduado do Palmer. 'A verdadeira batalha já começou.'" (E continua até hoje, né?) Mais ou menos no mesmo período, a polícia local de Seabra-BA foi acionada (aparentemente por um fisioterapeuta) para fechar os atendimentos do Clinic Abroadnaquela localidade. Quando o dr. Ian Rocha resolveu pagar pra ver e avisar que só parariam de atender se fosse todo mundo preso, os policiais recuaram. A delegada da época reconheceu que estavam fora de jurisdição e interrompeu a ofensiva. Mas foi um susto e tanto. Não se sabe se estes eventos tiveram alguma influência na extinção do CAP. Mas em 2016, o Palmer resolveu por fim ao programa. A explicação tida como oficial para esta decisão meio abrupta foi o surto do vírus Zika que assolava o Brasil e outros países da América do Sul e Caribe — o que não explica a interrupção do Clinic Abroad nos outros continentes nem a não-retomada do programa quando a situação eventualmente se normalizou (pelo menos até a pandemia de 2020). Não faltaram especulações. Talvez alguns alunos, Quiropraxistas ou professores tenham adoecido ou se machucado durante as viagens. Talvez tenham acionado a universidade judicialmente. Talvez as companhias de seguro tenham vaticinado o programa como de alto risco, inviabilizando os custos — elas, que ditam as cartas por lá. Mas o ClinicAbroad parece ter sido definitivamente extinto. Foi um final melancólico de uma iniciativa sensacional. No entanto, queira ou não, o objetivo do programa permaneceu constante enquanto durou. Dr. Krakos observou que o Programa foi "uma experiência humanitária com benefícios educacionais e pessoais incomparáveis para todos os envolvidos. Os alunos (adquiriram) habilidades clínicas e confiança, e, o mais importante, a percepção de que têm um dom a oferecer às pessoas. Isso os (tornou) melhores Quiropraxistas. Todos nós, sejam estudantes, professores, funcionários ou ex-alunos (iam) lá para doar, e o que ganhamos com isso (era) secundário". Porque, primordial mesmo foi o alívio e bem-estar das centenas de milhares de pacientes beneficiados com o Clinic Abroad Program . Sim, uma perda irreparável.
Peru é um país de contrastes: na geografia, na política, na economia, na culinária e entre seus Quiropraxistas. Quase não chove na sua capital, Lima, e ainda assim, não parece sofrer com a falta d´água – dizem que ambas as razões para tanto estão na Cordilheira dos Andes. Entre os dias 15 a 17 de agosto de 2024, Lima foi palco do 3º Congresso da Federação Latino-americana de Quiropraxia (FLAQ) – um esforço conjunto entre a FLAQ e a Asociación de Quiroprácticos del Peru (AQP). O congresso foi um sonho antigo da AQP, que, apesar de celebrar 26 anos de existência, conta com pouco mais de 80 membros. Curiosamente, os Quiropraxistas nascidos no Peru são absoluta minoria. A maior parte dos sócios são do Brasil, México, Canadá e Estados Unidos. Como aqui, ainda não existe no Peru uma legislação que regulamenta nossa profissão. O 3º Congresso da Federação Latino-americana de Quiropraxia (FLAQ) contou com a presença de Quiropraxistas de diversos países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Peru, México, Costa Rica, Guatemala, Estados Unidos e Canadá,que participaram e contribuíram de forma bastante ativa para o êxito desse evento. Durante o Pré-Congresso e Congresso houve uma grande variedade de cursos, palestras e conversas sobre diversos temas: técnica, filosofia, clínica, fisiologia, neurologia, imagenologia e diagnóstico - todos de suma importância para o desenvolvimento danossa profissão aqui na América Latina. Nosso Brasil esteve bem representado pelos palestrantes Gabriel Donato e Iury Rocha. Dr. Gabriel Donato falou sobre novas classificações de cefaleia e cervicalgia e ajuste. Dr. Iury Rocha, DC, falou sobre Logan no pré-congresso, e classificação de transtornos discais e gerenciamento de dor lombar aguda no congresso. Ambos participaram de uma mesa redonda sobre dor crônica. Dra Sira Borges, DC, secretária-geral da FLAQ estava também presente, bem como a Dra Juliana Piva, Presidente da FLAQ. Como diretor regional da ABQ (Associação Brasileira de Quiropraxia), tive a honra de representar nossa associação nesse magnifico evento. O congresso foi muito bem organizado que proporcionou muitas trocas de ideias, experiências e conexões entre os Quiropraxistas - que certamente contribuirão para o crescimento da nossa profissão na américa latina. Muitos pontos foram discutidos, inclusive a sugestão de, no futuro, convidar políticos e autoridades representativas para que possam participar desses congressos e eventos de Quiropraxia como forma pedagógica para que possam entender mais sobre a importância da nossa profissão para a saúde das pessoas - assim como os riscos provenientes devido à falta de regulamentação para a população em geral. Além de ter sido um evento educativo, foi também muito divertido. A maravilhosaculinária peruana proporcionou uma festa de sabores nas papilas gustativas dos seus participantes. E, claro, visitas turísticas aos diversos pontos da cidade e as ruínas de locais que foram habitados pelos povos originários do peru, deram um tempero ainda mais especial - deixando assim nada mais a desejar. Realizou-se durante o Congresso, a Assembleia-Geral da FLAQ, com a eleição de uma nova diretoria. Seus novos representantes são: • Gabriela Flores (Guatemala) - como a nova presidente. • Adran Bizzarri (Argentina) - Vice presidente • Rodrigo Avendano (Chile) - Tesoureiro • Rosa Jimenez (México) - Primeira Secretária • Joao Francisco Seixas (Brasil) - Segundo Secretário • Sira Borges (Brasil) - Secretária Geral • Juliana Piva (Brasil) - Ex-presidente Em 2025, esperamos ansiosamente pelo próximo congresso da FLAQ, que será em Santiago no Chile. Certamente um evento que vale a pena a ABQ participar.
AUTOR: Quiropraxista Iã Miranda (ABQ 0.755) A Associação Brasileira de Quiropraxia, representante oficial da profissão Quiroprática no Brasil perante a Federação Mundial de Quiropraxia, vem por meio destes esclarecer aspectos relevantes sobre os efeitos adversos de procedimentos Quiropráticos na Coluna Cervical. 1) Sobre a falta de regulamentação profissional: Embora a quiropraxia seja regulamentada em mais de 70 países, o Brasil ainda carece dessa legislação. Muitos profissionais que se autodenominam quiropraxistas não possuem a formação adequada, o que pode resultar em procedimentos imprudentes e perigosos. A regulamentação é fundamental para garantir que apenas profissionais com formação adequada, conforme estipulado pela Federação Mundial de Quiropraxia e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), possam exercer a profissão, garantindo maior segurança aos pacientes (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUIROPRAXIA, 2023; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2006). 2) Diferenças nas intervenções quiropráticas: A quiropraxia engloba uma variedade de procedimentos, desde manobras musculares até manipulações articulares. Quiropraxistas devidamente formados sabem identificar os riscos e adaptar as técnicas de acordo com as condições individuais de cada paciente. Notícias sobre AVCs supostamente causados por quiropraxistasfrequentemente ocultam o fato de que o profissional envolvido pode não ser um quiropraxista devidamente qualificado (PASINI, 2017; RUSHTON et al., 2023; WENBAN, 2006). 3) Sobre riscos e benefícios das intervenções de saúde: Assim como qualquer intervenção médica, as técnicas utilizadas por quiropraxistas possuem riscos e benefícios. A prática baseada em evidências, que rege a profissão, garante que os procedimentos adotados tenham segurança e eficácia comprovadas. Comparado ao que é comumente utilizado para dor cervical, como o uso de anti-inflamatórios, a manipulação articular cervical ésignificativamente mais segura. A prevalência de eventos adversos graves, como acidentes vasculares, é muito baixa, com uma taxa de apenas 0,79 por 100.000 pessoas, em comparação, infarto agudo do miocárdio e uso de anti-inflamatório que chega a 2400 por 100.000 pessoas (RUSHTON et al., 2023). 4) Sobre causa e efeito entre manipulação cervical e eventos vasculares: Não há evidências robustas que comprovem uma relação causal entre manipulações cervicais e dissecções de artérias vertebrais ou AVCs. A dor cervical, um sintoma que surge tanto de problemas musculoesqueléticos quanto de eventos vasculares, pode confundir o diagnóstico, fazendo com que pacientes busquem tratamento quiroprático quando já estão em meio a um evento vascular. Não há plausibilidade biológica para a manipulação gerar deformação necessária para lesão arterial e nem para alterar a fluxo sanguíneo. Também não há força de associação, medida esta que indica o grau de relação causal entre duas variáveis. Para comprovar uma relação causal entre manipulação cervical e AVC, é necessário identificar uma explicação fisiológica ou mecânica, o que até hoje não foi demonstrado (CHURCH et al., 2016; GORRELL et al., 2022; KRANENBURG et al., 2019; WHEDON et al., 2022, 2023). “Portanto, nossos achados sugerem fortemente que a associação entre Manipulação Articular Cervical e Dissecções de Artérias Cervicais não é causal por natureza”. Estudo de caso-controle com mais de 5300 casos (WHEDON et al., 2022, 2023). “Em resumo, os riscos de eventos adversos sérios após mobilização e manipulação são muito pequenos e relacionados a alguns fatores de risco conhecidos. Como tal, o risco pode ser mitigado por meio de uma anamnese completa e exame físico”. Estudo de diretrizes clínica sobre segurança das intervenções musculo-esqueléticas na coluna cervical de 2023 (RUSHTON et al., 2023) “Em resumo, a manipulação articular cervical não impõe um risco aumentado de eventos adversos leves ou moderados em comparação com várias intervenções de controle”. Revisão sistemática com metanálise publicada em 2024 (PANKRATH; NILSSON; BALLENBERGER, 2024). Por fim, reafirmamos, a formação em quiropraxia deve ser feita em instituições reconhecidas e associadas à Federação Mundial de Quiropraxia, seguindo as diretrizes da OMS. Para encontrar um quiropraxista qualificado, visite o site da ABQ: http://www.quiropraxia.org.br/2.0/encontre-um-quiropraxista.html . Referências: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUIROPRAXIA. ABQ: Associação Brasileira de Quiropraxia. https://www.abquiro.org.br/quem-somos, 2023. CHURCH, E. W. et al. Systematic Review and Meta-analysis of Chiropractic Care and Cervical Artery Dissection: No Evidence for Causation. Cureus, 16 fev. 2016. GORRELL, L. M. et al. Kinematics of the head and associated vertebral artery length changes during high-velocity, low-amplitude cervical spine manipulation. Chiropractic and Manual Therapies, v. 30, n. 1, 1 dez. 2022. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Diretrizes da OMS sobre a formação básica e a segurança em quiropraxia. Novo Hamburgo: Feevale, 2006. PANKRATH, N.; NILSSON, S.; BALLENBERGER, N. Adverse Events After Cervical Spinal Manipulation - A Systematic Review and Meta-Analysis of Randomized Clinical Trials. Pain physician, v. 27, n. 4, p. 185–201, maio 2024. PASINI, M. F. O PERFIL PROFISSIONAL DOS QUIROPRAXISTAS GRADUADOS ATUANTES NO BRASIL. Novo Hamburgo: Universidade Feevale, 2017. RUSHTON, A. et al. International Framework for Examination of the Cervical Region for Potential of Vascular Pathologies of the Neck Prior to Musculoskeletal Intervention: International IFOMPT Cervical Framework. Journal of Orthopaedic and Sports Physical Therapy, v. 53, n. 1, p. 7–22, 1 jan. 2023. WENBAN, A. B. Inappropriate use of the title “chiropractor” and term “chiropractic manipulation” in the peer-reviewed biomedical literature. Chiropractic & osteopathy, v. 14, 22 ago. 2006. WHEDON, J. M. et al. Association between cervical artery dissection and spinal manipulative therapy –a medicare claims analysis. BMC Geriatrics, v. 22, n. 1, p. 917, 29 nov. 2022. WHEDON, J. M. et al. The association between cervical artery dissection and spinal manipulation among US adults. European Spine Journal, 2023.
Escrito pelo Quiropraxista Pablo Pasqualoti Recentemente, o Rio Grande do Sul passou por um dos piores momentos da sua recente história. Em maio desse ano, a “grande enchente de 1941” deu lugar para a maior catástrofe climática do estado gaúcho. Com aproximadamente 580.111 pessoas desabrigadas e um total de 2.390.556 afetados diretamente pelas enchentes, vivenciamos algo que apenas em filmes e fábulas seria possível imaginar. Um cenário de destruição que só foi minimizado devido ao movimento social e comunitário de milhares de pessoas no RS, Brasil e no mundo. Experenciamos momentos de solidariedade jamais vistos, trouxemos à tona o que há de melhor no quesito amor ao próximo. Vale ressaltar que a evolução semântica da palavra “solidariedade” demonstra que não se pode mais tratar dela no singular, o que há são solidariedades, plural que se constrói em um interminável trabalho de progresso e solidariedades sociais. A grande comunidade quiroprática não ficou de fora desse movimento social, pelo contrário, através de ajudas e doações do Brasil todo, conseguimos levar um pouco de acalento para os desabrigados, em forma de roupas, alimentos, produtos de higiene pessoal, brinquedos etc. Além das doações, tivemos a oportunidade de ajudar diretamente com os recursos mais poderosos que um(a) quiropraxista pode ter, o ajuste e a alegria de fazer o bem (para Tolstói, é a única forma de encontrar a verdadeira felicidade)! Segundo as nossas contagens, foram mais de 1.000 atendimentos realizados nos abrigos durante o mês de maio, tanto para os voluntários que trabalharam incessantemente, quanto para os desabrigados que dormiam onde lhes era possível. As principais queixas encontradas nos abrigos foram: cansaço, dor lombar por carregar doações, dor cervical com cefaleia, dor sacroilíaca por ficar muito tempo em pé, diversas dores musculares e algumas possíveis tendinites dos membros superiores. Utilizamos as técnicas manuais, instrumentos de liberação e em alguns casos, até mesmo bandagem funcional! Também saíamos cansados, física e emocionalmente, mas felizes em poder aliviar as dores das pessoas. É durante as fases de maior adversidade, que surgem as grandes oportunidades de se fazer o bem a si mesmo e aos outros, aquilo que os antropólogos denominam cooperativismo. Foi o que presenciamos nos abrigos e nas ruas de Porto Alegre e região. O que vimos é difícil até mesmo de elucidar por meio de palavras, tantas histórias, tantas perdas e sofrimento, tantas dores e ao mesmo tempo alegria e gratidão. O Ajuste Voluntário foi muito bem recebido por todos, trabalhamos incessantemente durante os dias em que nossas agendas estavam fechadas e, mesmo após o retorno gradativo das atividades, mantivemos o projeto, pois entendemos que ainda havia centenas de pessoas para auxiliarmos. Tivemos a oportunidade de atender na rua, na igreja, nas escolas, nos centros comunitários e em diversos outros lugares que serviram de casa para as pessoas afetadas pela enchente. Uma experiência única, que esperamos nunca mais precisar reviver, mas que se por acaso acontecer, estaremos ainda mais preparados para prestar nossa mais singela ajuda. O verbo transitivo indireto “agradecer” parece o termo mais apropriado para descrever esse momento, tanto para aqueles que receberam o cuidado quiroprático, quanto para nós, profissionais da saúde que pudemos, de alguma forma, impactar positivamente na vida das pessoas com o ajuste e a boa vontade. O valor da ação do quiropraxista transcende o ajuste, vai além do mero alívio da dor ou do alinhamento da coluna, o nosso verdadeiro poder está na maneira como olhamos, ouvimos e tratamos nossos pacientes e disso, jamais devemos nos esquecer. Muito obrigado a todos(as) quiropraxistas que de alguma forma contribuíram para melhorar a qualidade de vida das pessoas, essa é e sempre será a nossa missão!
Texto escrito pela Quiropraxista Beatriz Suster (ABQ 0.405) A quiropraxia evoluiu como ciência ao longo da sua história. Como em outras profissões na área da saúde, no início da profissão, foram levantadas hipóteses sobre os problemas que afligiam os pacientes. Estas hipóteses, foram testadas em pesquisas, conduzidas pelo método científico. O resultado destas pesquisas, formam as evidências científicas da quiropraxia. Embora não haja uma definição exata para ciência, é possível afirmar que seu conceito está relacionado à pesquisa e método. O que a impulsiona é a resolução de problemas, mesmo que seja necessário mudar conceitos estabelecidos, para encontrar soluções mais adequadas. Em 1895, a quiropraxia surgiu com a premissa de corrigir o mal posicionamento dos ossos. Na hipótese desenvolvida neste período, os ossos da coluna mal posicionados poderiam comprimir os nervos, com isto, gerar dor e outras doenças. Para este complexo de disfunções, foi atribuído o termo subluxação vertebral. E para corrigir as subluxações, foi proposto a realização de manipulações na coluna, denominadas ajustes. A partir da hipótese de subluxação vertebral foram desenvolvidas teorias, técnicas quiropráticas e a primeira faculdade de quiropraxia, nos Estados Unidos (EUA). A partir da 1960 profissão teve um grande avanço. Foi regulamentada em todos os estados dos EUA e em outros países também. Na área científica, houve melhora dos padrões educacionais, pesquisas, publicações e criação de revistas especializadas. (SENZON, 2018) A prática baseada em evidências (PBE) é a prioridade no ensino da quiropraxia e na conduta clínica dos profissionais graduados desde 1990 (SENZON, 2018). Criada neste período na área médica, a PBE é utilizada por muitas profissões na área da saúde. A proposta da abordagem é utilizar pesquisa científica de alta qualidade, conhecimento adquirido pelo profissional na experiência clínica e considerar as preferências do paciente para decidir os procedimentos que serão utilizados em cada caso. (SCHNEIDER et. al., 2020) O conceito de subluxação vertebral foi amplamente pesquisado, que resultou em modificações na sua definição e melhor compreensão dos efeitos da manipulação quiroprática. De acordo com as pesquisas, o posicionamento ósseo não tem mudanças significativas após a manipulação da coluna, como era proposto nas primeiras hipóteses. As evidências mais recentes, sugerem que manipulação quiroprática pode melhorar a mobilidade entre as vértebras e inibir a sinalização de dor. (CHU et. al., 2022; SAVVA et. al., 2014) Os resultados dos procedimentos em quiropraxia são atestados quando realizados por profissionais devidamente habilitados. No Brasil, os cursos de bacharelado em quiropraxia são reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC) e seguem as Diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre Treinamento Básico e Segurança em Quiropraxia. REFERÊNCIAS ALVES, Marcos Antonio. Reflexões acerca da natureza da ciência: comparações entre Kuhn, Popper e empirismo lógico. Kínesis, Vol. V, n. 10, p. 193-211, 2013 ALVEZ-MAZZOTTI, Alda Judith; GEWANDSZNAJDER, Fernando. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. 2 ed. Thompson, 2000. CHU, Eric Chun-Pu; TRAGER, Robert J. Effectiveness of Multimodal Chiropractic Care Featuring Spinal Manipulation for Persistent Spinal Pain Syndrome Following Lumbar Spine Surgery: Retrospective Chart Review of 31 Adults in Hong Kong. Medical Science Monitor, v. 28, 2022 MATTOS, Sandra Maria Nascimento de. Conversando sobre metodologia da pesquisa científica. ed. Fi, 2020. SAVVA, Christos.; GIAKAS, Giannis.; EFSTATHIOU, Michalis. The role of the descending inhibitory pain mechanism in musculoskeletal pain following high- velocity, low amplitude thrust manipulation: a review of the literature. Journal of back and musculoskeletal rehabilitation, v. 27, n. 4, p. 377-382, 2014 SCHNEIDER, Luana Roberta; PEREIRA, Rui Pedro Gomes; FERRAZ, Lucimare. Prática Baseada em Evidências e a análise sociocultural na Atenção Primária. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 30, n. 2, p. 1-11, 2020. SENZON, Simon A. The Chiropractic Vertebral Subluxation. Part I: Introduction. Revista School of Health and Human Sciences, Southern Cross University, Lismore, New South Wales, Australia, 2018. WORLD FEDERATION OF CHIROPRACTIC. History of Chiropractic. Disponível em: https://www.wfc.org/history. Acesso em: 10 jul. 2024.
Seja bem-vindo aos Anais do 8º Congresso Brasileiro de Quiropraxia, um evento que reúne profissionais, pesquisadores e estudantes dedicados ao estudo e à prática da quiropraxia no Brasil. Este congresso se estabelece como um marco significativo no desenvolvimento e na promoção da quiropraxia no país, proporcionando uma plataforma para o compartilhamento de conhecimentos, avanços científicos e experiências clínicas. Ao longo deste evento, serão apresentados trabalhos que abrangem uma ampla gama de temas, desde novas técnicas e abordagens terapêuticas até pesquisas inovadoras que visam aprimorar a saúde e o bem-estar dos pacientes. A diversidade e a qualidade das contribuições refletem o crescente reconhecimento e a importância da quiropraxia no campo da saúde. Agradecemos a participação de todos os presentes, cuja colaboração e empenho são fundamentais para o sucesso deste congresso. Esperamos que este encontro seja uma fonte de inspiração, aprendizado e enriquecimento profissional para todos.
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É importante lembrar que a Quiropraxia trata de alterações neuromusculoesqueléticas da coluna, sendo a escoliose uma dessas condições. Ao falar que a Quiropraxia trata, significa que está dentro do escopo de prática da Quiropraxia técnicas e procedimentos que possuem embasamento científico e auxiliam nos cuidados de pacientes com escoliose.